27.8.10

 

Novo pop brasileiro não tira manchas do passado



(Set.1999)

Ao contrário de várias marcas de sabão em pó que vivem concorrendo entre si para ver quem tira as manchas mais difíceis, o pop brasileiro atual ainda não conseguiu se purificar de certos vícios do passado.

Seja nos grupos com mais tempo de estrada, como Skank, que já vendeu 4 milhões de CDs ao longo da carreira, ou nas novas bandas, como o Jota Quest, cujas vendas do CD mais recente já ultrapassaram 300 mil cópias, as repetições de fórmulas do passado vão desde a simplicidade dos arranjos até a mais absoluta fixação nos refrões pegajosos.


Por isso, o sucesso de Fácil (“fácil/extremamente fácil/pra você, e eu, e todo mundo cantar junto”), música mais tocada deste último grupo, ironicamente é o mais difícil de ser explicado.
Já os grupos ou artistas que fizeram o pop nacional sair do marasmo em que hiberna há anos, como uma roupa que é esquecida de molho, não conseguem emplacar suas músicas nas rádios. Desses, podemos citar dois exemplos.


Chico César, depois de lançar dois ótimos CDs, não conseguiu obter a repercussão que seu terceiro trabalho merecia (talvez por não ter tido novamente uma música incluída em alguma novela das oito).


Lenine, cuja fusão de ritmos e as composições inspiradas por si só já fizeram injusto seu descobrimento tardio, também permanece distante do grande público, que deveria prestar mais atenção a um CD cujo título é quase uma súplica: "O Dia em que Faremos Contato".


Como uma antiga marca de sabão em pó que hoje está meio sumida dos supermercados, o pop nacional precisa fazer menos espuma e satisfazer os consumidores que querem lavar a alma constantemente manchada por refrões de apelo fácil.

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