8.9.10
O logro do jogo
(1992)
A aposta imposta pelo impostor:
na sena acumulada,
a sina e sua cilada.
No jogo o jogador,
no logro de quem joga,
a dor.
No conto do vigário,
o pranto do otário.
No apostador perdulário,
o dinheiro no bueiro
de lodo, no dolo da loto.
No jogo o apostador,
após o logro de quem aposta,
a dor.
O cassino da vida
convida a um destino sem saída,
no caça-rico.
E o pobre do pobre
tem que ter senso esportivo
ao perder o seu cobre
na loteria furtiva.
E na loteria federal,
reze para não dar o treze:
seu fim e seu funeral.
No jogo o perdedor,
no logro de quem nunca perde
a dor.
Neste jogo, quem joga o trigo no joio
não julga que joga a favor do próprio jugo.
No jogo do bicho,
o dinheiro no lixo,
e o que sobra, na cobra,
falta na mesa:
no engano de cada ano,
o engodo que engorda o lixeiro.
E na fome do povo,
o sonho de que
o que é do homem
o bicho não come.
(3° lugar no Concurso de Contos e Poesias da ESPM.)
Assinar Postagens [Atom]
Postar um comentário